Escola PLURIDISCIPLINAR ou uma escola INTERDISCIPLINAR?
Em algum momento da nossa
carreira docente a gente vai em busca de uma instituição que defenda os mesmos
valores de ensino e aprendizagem que a gente tanto almeja. Uma instituição que
forneça condições, infraestrutura mínima, material satisfatório e todo aquele enredo
que gostaríamos que fosse surreal ou que alimentasse o nosso ego pedagógico. Essas
escolas existem sim, mas com certeza não estão ao nosso alcance ou pelo menos
acho que não. Inicio este post de hoje pra falar sobre qual modelo educacional
melhor funciona quando a práxis é menos capitalista.
Certa vez em uma das escolas
que trabalhei, e não faz muito tempo assim, muitos colegas de trabalho andavam
insatisfeitos, mas a maioria não conseguia expressar essa ‘zica’ que pairava
sobre o grupo. De certa forma todo mundo tinha começado o ano no full gás e já na metade do ano letivo quase mortos e enlouquecidos
por ‘N’ razões e a principal é que a escola exigia 100% de nós, mas ela mesmo, não dava conta do seu interno. Até aí ok de uma escola particular “normal”.
Num desses sábados letivos de curso de informação humana formação humana
contrataram uma palestrante psicóloga pra mascarar em cima de nós um discurso
de “se não está satisfeito com a política dessa instituição, vaza” a grosso modo, óbvio.
Claro que para bom entendedor uma vírgula descreve tudo.
Resumindo essa anedota,
profissionais foram demitidos e os que restaram ficaram no limbo entre o que eu realmente estou fazendo aqui? e
entre será que essa escola é mesmo o que
eu procuro na vida?
Em alguma trágica passagem da sua vida você pode se deparar com essa
nuvem cinza trevosa sobre sua prática e talvez esquecer dos preceitos e valores
que você tanto defendeu lá na graduação em nome do salário e do emprego...
Digo isso porque a gente
sonha com um modelo mais centrado de ensino que não seja emblocado e
acorrentado sobre uma visão capitalista que corrobora a relação de mediação
ativa que o professor busca em sala. Indo ao ponto a gente precisa pensar nos
nossos valores e naquilo que a gente defende como profissional para não cair em
armadilhas de instituições que falam uma coisa e praticam outra. Esse não é o
ponto X do texto de hoje, mas sim de fato qual é o tipo de linha de raciocino (ou
melhor, qual linha de trabalho, apesar de que escola não é uma empresa, que
fique claro isso; mas o capitalismo insiste em mascarar uma linha de produção)
que a instituição que você resolveu “vender” seu tempo é essa mesma que você
quer.
Afinal, uma escola PLURIDISCIPLINAR
ou uma escola INTERDISCIPLINAR?
Segundo Carlos Libâneo –
recomendo ler Adeus Professor, Adeus Professora? porque é mágico as relações
entre exigência educacional e profissão docente que ele faz – uma escola
pluridisciplinar os conteúdos dos currículos são justapostos e isolados entre
si sem exigência do domínio de determinado assunto de outro conteúdo. Não
existe correlação e cada conteúdo trabalha isoladamente. É o famoso cada um faz
o seu. E estas escolas existem até hoje de forma mais mascarada. Escolas assim
adoram projetinhos pra “animar” a rotina educacional mesclando aqueles temas
mais idiotas possíveis que sempre terminam em teatro no final do projeto. Um derradeiro show pra inglês ver com direito a fotos no facebook da escola 
. Produção de objetos de aprendizagem zero e o aluno não aprende nada ainda. Já as
escolas pluridisciplinares trabalham com temas integrados em um eixo integrador
do início ao fim para superar a fragmentação de conteúdos possibilitando a
troca de informações buscando várias visões de outros profissionais sobre um
tema em questão. Em outras palavras, bota o aluno pra pôr a mão na massa e permite
que ele construa sozinho estratégias de aprendizagem baseados em vídeos,
palestras com profissionais da área, pesquisa, debate, aulas que conectem o
tema. Em outras palavras partem da realidade. Demanda mais trabalho, ôh se
demanda, muita dedicação de todos. Um exemplo clássico são as feiras de
ciências, gincanas e os projetos sobre consciência negra ou que contem a história
da cidade.


Sendo assim escolas muito
conteudistas ou reféns do livro didático (em outro post falarei sobre esse
demônio chamado livro didático na escola particular) que engessam a liberdade
de criar e viver a prática docente em aula que esbarram em uma escola
pluridisciplinar. É fácil identificar uma escola assim, não existe diálogo
entre os conteúdos e o material não traz nenhum referencial teórico sobre qual
conceito é tratado em outra ‘disciplina’. Se em física fala sobre Movimento
Uniforme, o material não identifica que o aluno precisa antes estar
familiarizado com função de 1º grau. Deveria sinalizar, mas não tem.
A questão principal não é
escolher aquela melhor ou viver na pior escola. E nem quero formar frente
trabalhista aqui, mas vale ressaltar que a educação só é do jeito que é por
falta de critérios e diálogo dos próprios profissionais em resistir a essa
pressão que o mercado obriga. Em outras palavras, pegando a fala da tal
psicóloga da palestra que até hoje me dói nos ouvidos, “se não te atende então
não justifica permanecer”...
Não abale sua saúde emocional! Busque aquilo
que te faz levantar leve às 5h da manhã para ir trabalhar. Se você for um bom
profissional, acredite, não lhe faltará oportunidades mundo à fora.

Portanto, como mesmo afirma
Carlos Libâneo “uma mudança de atitude dos professores diante da rigidez da organização
disciplinar implica compreender a prática da interdisciplinaridade em três
sentidos: como atitude, como forma de organização administrativa e pedagógica
da escola, como prática curricular.”
Conheça bem a instituição que você quer estar e crie
relações saudáveis de trabalho e você será muito mais feliz!
Até o próximo post! 

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