COMEÇOU QUANDO?
Caro leitor que caiu aqui de para quedas na emoção de achar
que vou lhe fornecer a fórmula mágica dessa profissão de sofressor professor,
não vou. Se você descobriu; patentie e monte sua empresa. Esta é uma profissão
em que além da árdua prática a formação continuada e plena é essencial para a
construção do profissional que você será ao longo da sua carreira.
Tudo na nossa vida começa com escolhas, e como dizia minha
professora de pós- graduação Carminha Xavier, escolhas são sempre temerosas e
acredito que nos dias atuais ser professor não é uma dessas deliciantes
escolhas da vida. Mas todo mundo precisa de uma profissão, certo? Pois é,
descrever a narrativa do sucesso da carreira de professor é excluir aqueles que
padecem no paraíso da realidade longe do sucesso almejado por várias razões da
vida ou mesmo por não saberem ao certo qual caminho chegar lá ou por ser isso
mesmo e ‘vamo’ lá que o trem precisa andar, porque muitos outros que
conseguiram seu “sucesso” com muitas aspas aí, porque ser professor é morrer
produzindo ou morrer trabalhando para ter algum conforto nessa vida, se é que
existe isso mesmo.
No meu caso tudo começou lá em meados de 2007 quando por insistência
de alguns colegas e por pressão financeira precisava trabalhar ̶ isso
mesmo sou igual a muitos que vieram de família pobre e precisava sacrificar
alguma coisa pra pagar faculdade particular ̶ e resolvi então retirar uma autorização para
lecionar e embarcar nessa jornada. Não escolhi ser professor. Na verdade era a opção
que tinha e não me envergonho de dizer isso porque mais adiante vocês entenderão
qual é a minha visão disso hoje e quais os meios que tornaram-me o profissional
que sou hoje.
Comecei lecionando química, pois era a opção que tinha já
que o mercado para minha área biologia sempre esteve saturado no campo da
docência e nessa corrida por contratos em escolas públicas, vence quem está de
acordo com o edital seja o professor preparado a entrar em uma sala ou não. Apesar
de que isso muito me revolta; a escola pública permitir como regente de uma
sala, um estudante de qualquer área sem instrução nenhuma ou até mesmo condição
psicológica para tal. Se bem que saúde psicológica para aguentar uma sala com
derradeiros emissários do demônio ninguém tem! Brincadeiras a parte, a sala de
aula não é um laboratório experimental, existem vidas lá dentro e precisamos
nos conscientizar seriamente sobre isso.
Entrei em uma sala de aula pra lecionar química com o nada que eu sabia sobre, porém pairava
sobre mim a afinidade com o famigerado conteúdo o que me permitiu transmitir
segurança as cobaias e vencer aqueles um mês de contrato. Por fim minha
primeira experiência e meu primeiro salário, que não foram lá essas coisas.
De certo modo caro leitor, que aqui não seja um diário do
memorial da minha vida, em algum momento eu estive diante de um desafio onde
precisei assumir a posição de professor. Só para resumir, antes trabalhei em
uma empresa de vacinas onde não tive condições hierárquicas de continuar aí resolvi
ser professor, onde depois de algum tempo e pela ausência da professora regente
na época do estágio tive que assumir uma turma por pressão e então me vi
professor.
Hoje sigo essa trajetória com percalços e dificuldades
em busca da libertação pela razão do ensino crítico atrelado a valores básicos
como respeito e dignidade. Mas tá difícil viu... 

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