METODOLOGIAS DE ENSINO: JÁ USOU ALGUMA NA SUA VIDA?



A construção do sentido de aprender algo pelo estudante só faz sentido quando usamos de estratégias não padronizadas em um único grupo homogêneo de alunos. Em outras palavras fazer sempre a mesma coisa pode não surtir um efeito almejado nos objetivos educacionais.
Você já deve ter ouvido ou visto algo sobre Metodologias de Ensino. Se já fez algum curso de graduação voltado para educação essa disciplina pode parecer em sua vida. Mas afinal, o que é o Estudo do Método de Ensino?

Segundo Puntel (2007, p. 89) “o ensino só vai ter sentido quando for construído, e isso só vai acontecer quando houver comprometimento, por parte do educador que precisa problematizar, questionar, provocar, confrontar”.  Ou seja, as metodologias ou práticas de ensino não devem ensinar somente o conteúdo, elas desenvolvem competências essenciais para a conquista de realizações na vida pessoal e profissional dos estudantes. Eu vou um mais pouco além e afirmo que as práticas de ensino necessitam de metodologias que garantam experiências que valorizem a participação ativa, crítica e colaborativa dos estudantes em situações de aprendizagem diversas.

Perrenoud no seu livro ‘O ofício do aluno e o sentido do trabalho escolar’ sinaliza de forma muito enfática o quanto é importante o papel das práticas de ensino no processo de aprendizagem:

É claro, uma aprendizagem não nasce de uma prática excepcional. É pois, nas regularidades que é preciso separar as duráveis, as situações escolares que favorecem a formação de esquemas de ações e de interações relativamente estáveis e que, por um lado, possam ser transpostas para outras situações comparáveis, fora da escola ou após a escolaridade. (1994, p.32).

Muitos professores acreditam que práticas se encaixam bem em conteúdos que permitam uma melhor manipulação ou construção de objetos de aprendizagem nas áreas das Ciências da Natureza onde construir “coisas” é mais fácil que no conteúdo de História, porém hoje na imensidão da internet encontramos práticas e atividades diversas desde Língua portuguesa à Sociologia.

Pude constatar piamente em minhas aulas, desde o 6º ao 9º ano, que rotinas na sala de aula em que o uso do tempo pelo aluno e pelo professor - se não for pautado em estratégias desenvolvidas com tarefas que não sejam puramente teóricas (como copiar do quadro, exercícios e avaliação tradicional) - se não forem gastas em outras formas de metodologias, geram inquietação e baixíssimos rendimentos nos alunos.

É importante ressaltar, e dito em posts anteriores, que só cuspe e giz na era do WhatsApp não proporciona grandes resultados. Se você não foi pressionado ou seduzido pelo ensino integral, saiba que nesta modalidade de ensino só cuspe e giz não funciona. Minha função com este diálogo é retirar você do contexto de conforto para algo que o aluno do séc. XXI necessita no seu cotidiano escolar. Botar a mão na massa.

É necessário desempoeirar ou tirar as cartas da manga das atividades práticas e lúdicas do seu conteúdo se quiser estabelecer conexões mais intrínsecas sobre os temas de aulas se o objetivo – e ele é esse sim, acredite – é a construção da autonomia do estudante e a promoção de seu desenvolvimento pleno. Portanto a utilização de novas metodologias ou até mesmo práticas de ensino de forma até mesmo simples que auxiliem o aluno na interpretação e compreensão dos conteúdos expostos, contribuem não só para o aprendizado, mas na relação professor e aluno, estreitando possíveis distâncias. Como salienta BRAIT:

[...] a relação professor/aluno em meio ao ensino/aprendizagem, depende fundamentalmente, do ambiente estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. (BRAIT et al, 2010, p. 6).

Acredito que até aqui pude utilizar de argumentos mais que válidos para lhe convencer que atividades práticas clamam a serem utilizadas em sala de aula. Para que você não fique desamparado de tudo eu recomendo o livro do Professor Simão de Miranda (Professor Não deixe a Peteca Cair) que possui muitas atividades de diversos tipos que ajuda e dá um Up nas aulas de qualquer conteúdo. O site do Simão de Miranda também tem outras atividades e livros que ele escreveu e que podem ser adquiridos $$$. 
Vale a pena dar uma olhada. 

Se você é da área de Ciências e Biologia Miriam Krasilchick tem um livro que trata algumas atividades para o ensino médio:



Recomendo a leitura da “Introdução à Didática da Biologia” para os marinheiros de primeira viagem que não sabem por onde começar.

Aproveitando a oportunidade eu disponibilizo uma prática pedagógica que eu realizo em sala que chamo de “Gincana das Ornganelas” que trabalho dentro do conteúdo de Biologia com o tema de Organelas Citoplasmáticas. Nessa atividade eu faço uma brincadeira com um quiz em que premio os melhores.



Material construído a partir de EVA e Papel Cartão Branco.

Outra atividade que desenvolvo com  os alunos é a construção de um modelo de DNA com guloseimas, de modo bem rudimentar, como primeiro contato com o tema que é "DNA Comestível" em que os alunos montam e comem depois de feito o DNA.

Em geral, é importante ressaltar que essas metodologias para que sejam realizadas elas exigem alguma preparação anterior ao dia que será realizada e o teste delas antes de serem executadas. Outras dicas seguem a seguir:

  •        Exigem dos estudantes um papel ativo;
  •     Necessitam que os professores estabeleçam com os estudantes uma relação de confiança, expectativas elevadas, reciprocidade e de abertura para o erro;
  •   São trabalhadas em situações de aprendizagem complexas envolvendo a necessidade de problematização e trabalho em equipe;
  •    Exigem como base sequências de atividades estruturadas, com clareza de propósito e com a duração adequada;
  •    Contribuem para a construção de uma cultura colaborativa na escola, que acontece quando as equipes compartilham memórias, crenças, concepções, objetivos e práticas ou atitudes comuns.

Portanto, espero ter ajudado ou motivado a desenvolver alguma prática fora do tradicional em suas aulas. Quero que saiba que não se trata de impor uma maneira restrita para agir em sala de aula, e sim de oferecer possibilidades de caminhos estruturados e intencionais para conectar a prática que cada professor já desempenha no seu dia a dia a mais uma possibilidade de ensinar objetivando um aprendizado mais significativo e do desenvolvimento pleno dos estudantes.

Até o próximo post! 



REFERÊNCIAS:

BRAIT, L. F. R. MACEDO, K. M. de. SILVA, F. B. da. A relação professor/aluno no processo de ensino e aprendizagem. Revista Eletrônica do Curso de Pedagogia do Campus Jataí- UFG, v. 8, n. 1, jan/jul 2010.

BOURDIEU, P. Razões práticas sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus, 1997.

KRASILCHIK, Myriam. Pratica de ensino de biologia. 4. ed. S?o Paulo, SP: EDUSP, 2008. 197 p. ISBN 9788531407772.

LELIS, Isabel. O SIGNIFICADO DA EXPERIÊNCIA ESCOLAR PARA SEGMENTOS DAS CAMADAS MÉDIAS. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/nutricao/pratica-de-ensino/5475

LISBOA, Milena Dias. A IMPORTÂNCIA DE NOVAS PRÁTICAS DE ENSINO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM. 10 Encontro Internacional de Formação de Professores. Disponível em: https://eventos.set.edu.br/index.php/enfope/article/viewFile/4705/1673

O Papel das Metodologias de Ensino e Práticas de Ensino que Apoiam a Educação Integral. Disponível em: https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/meu-educador-meu-idolo/materialdeeducacao/entenda-o-papel-das-metodologias-e-praticas-de-ensino-que-apoiam-a-educacao-integral.html

PERRENOUD, P. O Ofício do aluno e o sentido do trabalho escolar. Porto: Porto Editora, 1994.

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