A EDUCAÇÃO TAL QUAL: RETRATO REAL DA ESCOLA (RELATOS DA MINHA EXPERIÊNCIA COMO PROFESSOR NO ESTADO DE SÃO PAULO)
Imagem disponível em: https://crisbortolossi.wordpress.com/2015/06/01/professor-profissao-insubstituivel/
Sempre acreditei que a margem do insucesso da educação estivesse nas regiões mais pobres do país ou em regiões de extrema pobreza aqui no Brasil. Porém recentemente conversando com outro colega de trabalho nesses papos de intervalo, e percebi que não importa a condição de pobreza, o esforço de quem quer sempre gerará resultados na vida e na sociedade desse aluno. Passei por muitas escolas em regiões de marginalidade perigosa em Minas Gerais e na região metropolitana de Belo Horizonte e existiam e existem aqueles que de fato não querem a escola e outros que veem na escola um meio de mudança de atitudes. Claro, a comunidade, o meio, a época; tudo isso influencia no indivíduo e nas suas opções de escolha. Um ambiente acolhedor impulsiona em quanto um ambiente opressor inferioriza.
Porém; teoria à parte, a ideia
traí a noção real, quando se depara com o fato! [Filosofei agora] 
Recentemente em 2019 mudei-me para o Estado de São Paulo, para o Oeste Paulista, no interior, e senti abruptamente uma mudança de realidade educacional monstruosa. Não cabe aqui incluir e relatar em detalhes o que chamo de horror e atraso educacional, mas dividir com vocês mais um Brasil que não conhecia.
Hoje compreendo a dificuldade e o "leve atraso" que alguns alunos que vinham de são Paulo estudar em alguma classe minha em Minas Gerais. Vejo que Minas com todas as suas dificuldades e precariedade de ensino – não é as mil maravilhas – mas percebo que melhoramos em relação à um estado que majoritariamente puxa a economia de todo país. São Paulo pode ter ofertas boas de emprego, mas não me arrisco em dizer que a Educação Pública em São Paulo vai mal e encontra-se numa eterna sala de C.T.I . Não compete aqui a dizer sobre a estrutura física das escolas por onde passei – aspecto de presídio com grades – que é igual em quase todas, mas a começar pelo professorado que morre de trabalhar, muitas vezes em 4 escolas quase que exclusivamente full time, se não transitando entre escolas, para complementar sua cargo horária e a miséria que um professor de escola comum ganha por hora-aula. A impressão que fica é que o Governo (em 2019 – João Dória) manda e desmanda, altera e desaltera as resoluções e normas que regularizam a educação no estado do jeito que bem quiser— vide a proposta de melhoria e plano de carreira pra os professores — “Normal!” você deve dizer... Mas pra eu; um professor que trabalhava em uma escola que tinha a média hora-aula acima de 18 reais, não vangloriando, mas muitas vezes só um turno no estado, ao chegar a São Paulo me deparar com uma hora aula humilhante de quase $13 reais, foi um berro silencioso suficiente pra querer voltar pra casa! O fenômeno do professor Eventual, que a meu ver, a forma como em São Paulo é concebido; é um câncer – não criticando a condição do professor que é um mero instrumento da resolução decadente em que opera São Paulo – mas da abertura e aceite do estado, na forma como acontece, que me deixou embasbacado! Certamente sabemos que o problema de que boa parte das políticas educacionais são implantadas de cima para baixo, ou seja, não são construídas em conjunto com os atores que estão trabalhando na ponta do sistema e que podem mais facilmente identificar problemas de ensino – iguais a este ao meu ver – e propor soluções que, de fato, funcionem.
AS CONDIÇÕES DE ENSINO AINDA ESTÃO À QUEM

Recentemente em 2019 mudei-me para o Estado de São Paulo, para o Oeste Paulista, no interior, e senti abruptamente uma mudança de realidade educacional monstruosa. Não cabe aqui incluir e relatar em detalhes o que chamo de horror e atraso educacional, mas dividir com vocês mais um Brasil que não conhecia.
Hoje compreendo a dificuldade e o "leve atraso" que alguns alunos que vinham de são Paulo estudar em alguma classe minha em Minas Gerais. Vejo que Minas com todas as suas dificuldades e precariedade de ensino – não é as mil maravilhas – mas percebo que melhoramos em relação à um estado que majoritariamente puxa a economia de todo país. São Paulo pode ter ofertas boas de emprego, mas não me arrisco em dizer que a Educação Pública em São Paulo vai mal e encontra-se numa eterna sala de C.T.I . Não compete aqui a dizer sobre a estrutura física das escolas por onde passei – aspecto de presídio com grades – que é igual em quase todas, mas a começar pelo professorado que morre de trabalhar, muitas vezes em 4 escolas quase que exclusivamente full time, se não transitando entre escolas, para complementar sua cargo horária e a miséria que um professor de escola comum ganha por hora-aula. A impressão que fica é que o Governo (em 2019 – João Dória) manda e desmanda, altera e desaltera as resoluções e normas que regularizam a educação no estado do jeito que bem quiser— vide a proposta de melhoria e plano de carreira pra os professores — “Normal!” você deve dizer... Mas pra eu; um professor que trabalhava em uma escola que tinha a média hora-aula acima de 18 reais, não vangloriando, mas muitas vezes só um turno no estado, ao chegar a São Paulo me deparar com uma hora aula humilhante de quase $13 reais, foi um berro silencioso suficiente pra querer voltar pra casa! O fenômeno do professor Eventual, que a meu ver, a forma como em São Paulo é concebido; é um câncer – não criticando a condição do professor que é um mero instrumento da resolução decadente em que opera São Paulo – mas da abertura e aceite do estado, na forma como acontece, que me deixou embasbacado! Certamente sabemos que o problema de que boa parte das políticas educacionais são implantadas de cima para baixo, ou seja, não são construídas em conjunto com os atores que estão trabalhando na ponta do sistema e que podem mais facilmente identificar problemas de ensino – iguais a este ao meu ver – e propor soluções que, de fato, funcionem.
AS CONDIÇÕES DE ENSINO AINDA ESTÃO À QUEM
Muito tinha lido sobre as
condições do ensino precário da educação em SP, das doenças ocupacionais dos
professores e da sobrecarga desumana que muitos enfrentam para ter um salário
acima de R$ 2.000 – se quiserem ter um digno – e ao me deparar com o estado que
se encontra o salário, as normas, as resoluções, condições e perfil do aluno,
eu me encontrei num paraíso da (perdoe-me o linguajar),mas da casa do caralho
caramba sem preocupação e sem normas à beira da fronteira do “tem problema não,
vai lá e faz o que você sabe”... [Cara de pânico e mão na boca sem reação] 

Todavia se engana quem acredita
que os dados do SAEB são louváveis porque aqui, como em qualquer classe do país,
temos alunos de ensino médio que não sabem escrever ou realizar operações de
matemática além de multiplicação ou divisão. A situação aqui é bem pior. Não
quero satanizar o ensino, óbvio que sabemos que algumas estrelas ainda resistem
brilhar nessa escuridão, mas o quadro majoritário que me deparei ao adentrar
uma sala de aula aqui no interior de São Paulo foi igual aos que vi naquele
documentário – Pro dia Nascer Feliz
– que se você é professor certamente já viu, naquele cenário de escola de
periferia, que é o retrato da sociedade real do Brasil. Cada vez me certifico
que a educação é um direito de todos, mas nem todos tem direito à educação. Educação,
aquela de qualidade com professores motivados e que tem o estímulo de ensinar e
fazer valer seus direitos. O IDEB de 2018 mostra de fato que ‘algo errado não
está certo’ no ensino de escolas públicas da rede estadual de ensino – que
estou constatando a verdade nua e crua, tal qual é – que vão além das condições
físicas e de formação de professores.
Outro problema que venho
presenciando é a luta diária que travamos para convencer os alunos a
permanecerem na escola a fim de evitar o abandono dos estudos e tentar ao menos
uma condição de vida mais digna para aqueles que ainda querem permanecer nela.
Apoiando em (PIERI, 2018):
"A escola torna-se mais eficiente quando alunos entendem a necessidade de estudar e o Estado prioriza uma gestão mais eficiente voltada para uma educação social constritiva que valoriza um ambiente mais coeso com menores taxas de iniquidades sociais."
É fato que a forma como a educação é empregada e enxergada no Brasil precisa ser refeita pro cenário mudar. Eu percebo que o modelo que opera a política educacional hoje, pouco conversa com os nichos onde se dá a educação; ora seja a falta de condições físicas e financeiras de muitas escolas e das quais eu atuo, é cada vez decadente. Então, é olhar para um sistema num todo desde formação e salários dignos sim! As pessoas não entendem como é desgastante o trabalho do professor, as coisas que vemos, ouvimos e lidamos com alunos TODOS OS DIAS, isso esgota espiritualmente e fisicamente o trabalhador, que compõe este sistema.
Claro, pensando assim as escolas
em SP são o Faroeste de Co-Jack em que o caos é bem maquiado, não é isso. O
intuito deste post é mostrar que
também em grandes cidades ou em um estado como SP também tem problemas na
educação. Mas também tem coisas boas, conquistas relevantes que os professores
puderam conquistar e também projetos maravilhosos que os alunos desenvolvem nas
escolas onde passei e atuo. Construí boas amizades, networkings sensacionais e
inimizades; porém o cenário, a meu ver, poderia ser melhor.
Finalmente, o ser humano possui duas
características comuns, aqueles que acabam se adequando ao sistema – entrando na
brincadeira - e aqueles que não conseguem lidar com a fundanga – desistem e vão
procurar outra coisa. Bem, eu acredito que estou no centrão dessa ideia. Eu
estou “observando o movimento” tentando entender o processo pra saber qual
saída tomar. Pelo exposto é notável que não estou nada feliz e acredito que,
assim como muitos, fatalmente terei que me organizar para outro segmento de
trabalho. Contudo, lá dentro do meu ser pedagógico acredito que as coisas vão mudar e mesmo com o atual quadro que me encontro inserido não deixei e nem deixarei de contribuir e desenvolver meus trabalho e atividades que tanto faço com o máximo profissionalismo, assim sabendo que poderia ser de outra forma.
E seguimos sem desistir!
E seguimos sem desistir!
Até o Próximo Post!

*As ideias aqui expostas não têm
o intuito de denegrir, difamar ou ridicularizar nenhum agente ou participante
do processo criado. São opiniões reais, expostas por mim em minha experiência como
docente, que nada interferem ou influenciam as pessoas a tomarem decisões insensatas
sobre sua atuação no serviço público ou não.
REFERÊNCIAS:
https://www.revistaeducacao.com.br/cenario-da-educacao-basica-no-brasil-e-alarmante/
https://www.insper.edu.br/wp-content/uploads/2018/10/Retratos-Educacao-Brasil.pdf
https://epoca.globo.com/ideias/noticia/2015/01/bo-ensino-publico-no-brasilb-ruim-desigual-e-estagnado.html
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