O QUE ESPERAMOS DE NOSSOS ALUNOS É O MESMO QUE ESPERAMOS DE NÓS MESMOS?





Recentemente eu participava de um grupo de professores no whatsapp com o intuito de querer saber novidades sobre métodos de ensino, o que estão ensinando nas aulas atualmente ou até mesmo troca de experiências ou atividades... Sofri 
Dizem que o início da decepção é a expectativa, e assim fui.

Durante alguns semanas  ̶  e por má sorte entrei na época da escola do livro didático  ̶  então por 7 dias mais de 300 mensagens sobre a escolha do famigerado livro que era imbatível a escolha pelo projeto Teláris. Quase unânime a escolha por motivos X e por isso... e aquilo...

Depois de ler mensagem por mensagem e lamúria por lamúria percebi que a escolha do livro didático não é para o aluno ter melhor assimilação e nem por imagens concisas ou até mesmo por atividades ou exercícios condizentes com o tema, mas aquele que é mais confortável  melhor de trabalhar para os professores. Essa foi a conclusão que obtive por passar 30 dias nesse grupo, ao que se referia a escolha do livro antipático livro didático. Outra visão que obtive dessa experiência mentalmente cansativa, por que professor adora falar; e como mandam mensagem... por Deus! 
E o palco de lamentações que se faz enquanto grupo... 

Percebo que os professores ainda reclamam as mesmas velhas lamúrias roteirizadas de antigamente. A novela aluno desinteressado rende bons capítulos e sinceramente contamina a gente que gosta de trabalhar ao menos motivado. É reconhecível a atual situação de alunos, da educação, das escolas; sabemos do sabor azedo que nosso sistema ostenta, mas se queremos nos aproximar dos alunos e ao menos trabalhar com eles a ideia de que a terra ainda é redonda, precisamos nos despir dessa amargura e lamentação e colocar a mão na massa  ̶  não tem jeito  ̶  e nesse grupo percebi o quanto temos bons profissionais até com boa vontade, mas ainda perdidos sem saber que rumo tomar ou até mesmo como formular um conceito para ofertar aos seus alunos. Nesses anos todos de docência hoje percebo que para chegar no aluno precisamos nos aproximar deles, mas aproximarmos do mundo deles. Aquele professor que adentra uma sala de aulas munido do seu ego intocável pronto para assumir a artilharia do maldito conteúdo curricular  ̶  que eu não descarto sua importância, precisa ser seguido  ̶ mas impor um roteiro a ser seguido, vai padecer no agouro do inferno. Aí percebo então caro leitor, que as lamentações de que alunos são desinteressados, não largam o celular e tudo aquilo que escutamos, continuará sem capítulo final. Você já iniciou uma aula de segunda perguntando como foi o final de semana de seus alunos? Já quis saber a opinião deles sobre a proibição dos tais rolezinhos nos shoppings? Sobre aquele meme da internet? Já experimentou conversar com eles antes de despejar a carreta de conteúdos do currículo? Já procurou saber sobre suas deficiências? Pois é, ser professor não é ser uma enciclopédia de conhecimento, é abusar daquele mandamento lá do Freire, é ser humano. Professor às vezes também é mostrar que é normal. É dividir um pouco da normalidade da vida com seus alunos, pois isso inclusive pode render uma boa aula ou afinidade de conteúdo com seus alunos. Recordo-me do vídeo do projeto Brainhighways:


Brainhighways é uma organização internacional que trata da dificuldade de aprendizagem de alunos mundo à fora.

Esse vídeo me tocou profundamente e como dizia minha professora de pós-graduação Sílvia Garcia, na taradice de querer tacar conteúdo no aluno, precisamos tentar saber sobre suas limitações. Às vezes o aluno tem um motivo, uma causa, uma agressão. Tudo bem que 53 limitações ao mesmo tempo não é tarefa fácil, mas antes de punir, criticar ou até mesmo gerar um pré-conceito sobre um aluno precisamos ser humildes.


“Antes de punir, criticar ou até mesmo gerar um pré-conceito sobre um aluno precisamos ser humildes”.

Claro que o caso do professor de Rio das Ostras no Rio de Janeiro não tem perdão, mas precisamos ser humildes na condição de professor ao adentrar um campo minado de sentimentos e necessidades que é uma sala de aula. E ao deparar com esse vídeo do Brainhighways  e vendo os relatos dos pequenos eu não consegui conter as lágrimas. Lágrimas de culpas por muitas vezes ao invés de lamentar, igual muitos no endemoniadogrupo de whatsapp (porque eu não tenho  paciência pra bater boca em grupo de whatsApp e acabo saindo – minha saúde mental não merece), eu deveria ter perguntado antes para meus alunos. Poderia aqui citar todas as situações cabulosas e também interessantes que ocorreram nesses 30 dias de experiência, mas é visível a relutância de muitos professores com o novo, com a mudança, pois a BNCC veio para padronizar a educação nacional e tirar o conforto e comodidade de muitos professores e isso era visível no grupo, assim como a resistência em utilizar o telefone celular como ferramenta de ensino. Caros professores e futuros também, não resista a essa tendência, pois até 2021 livros e todos os materiais didáticos estarão digitalizados. Assim como afirma (ANDRADE, DAMASCENO, LIMA, 2017):

Sabemos que essas ferramentas vêm a facilitar a forma do trabalho dentro e fora das escolas, o que não quer dizer que essa facilidade seja vista por todos com bons olhos, pois, há uma grande quantidade de profissionais da educação, principalmente professores, que não aceitam as novas tecnológicas como instrumento transformador na sua prática pedagógica.  

Se teremos escolas e infraestrutura para isso não sei, mas se você está lendo esse artigo aqui na região sudeste, esqueça a ideia cansativa e relutante do aluno usar o telefone em sala de aula, pois a poucos dias aprendi a usar o GoogleEducation e toda e qualquer oportunidade as aulas que ministro em ciências ou biologia são fundamentadas por lá! Não descarto o famoso cuspe e pincel, mas tive que mudar meu método de trabalho para essa nova geração da internet das coisas.

Percebo e percebi a resistência que muitos professores possuem perante as tendências tecnológicas, que eu prefiro chamar de TIC’s (Tecnologias da Informação e da Comunicação). E vale ressaltar que TIC’s não são mais televisão, DVD, computador com torre não, falo dos atuais mesmo, smartphone, tablet e smartwatchs! Precisamos entender que professores tem papel fundamental dentro da sociedade que vai muito além de “ensinar”. É papel do professor introduzir na comunidade estudantil serviços que ajudem no desenvolvimento e que possam contribuir, de alguma forma, para o crescimento intelectual dos seus alunos. Usar a tecnologia a favor da educação é saber utilizá-la como suporte auxiliar na busca da qualidade do processo educacional.

Sei da jornada cansativa, dos horários inflexíveis, do obsceno salário, das condições; sei de tudo! Mas se “escolhemos ser professor” (O Slogan em um dos programas do PIBID que participei em 2016) devemos arcar com as consequências como em qualquer outra profissão!

Concluindo essa reflexão de hoje, faço das palavras da excelentíssima professora Maria do Carmo Xavier que sempre frisava nas aulas, que não podemos sair de um curso de pós-graduação com essa mente pequena de criança birrenta reclamando da situação da educação. Se quisermos melhorias devemos mudar e driblar o obstáculo peculiar à resistência por parte de nós professores que se encontram inseridos num mundo de práticas pedagógicas tradicionais cartesianas não permitindo a facilidade na luta pela mudança no processo de normalização das novas tecnologias na educação.

Então, reclama da condição do aluno ou tenta fazer sua parte?

Forte abraço, até o próximo post! 

*OBS: O grupo de whatsApp era de professores de Biologia/Ciências de Minas Gerais, não era um grupo oficial, mas o que tinha disponibilizado por uma página do Facebook a qual eu sigo sobre informações sobre a educação de Minas.

REFERÊNCIAS:

ANDRADE, Maria Nascimento de; DAMASCENO, Rogério José de Almeida; LIMA, Jeane de Oliveira. A RESISTÊNCIA DO PROFESSOR DIANTE DAS NOVAS TECNOLOGIAS. Revista Brasil Escola, 2017. <Disponível em: http://www.pucrs.br/ciencias/viali/doutorado/ptic/aulas/aula_1/Lima_Jeane_Oliveira.pdf>.


ZANELA, Mariluci. O Professor e o “laboratório” de informática: navegando nas suas percepções. 43f. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007. (p. 25-27).

Projetc Brainhighways. Disponível em: https://brainhighways.com/


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