EXISTE ALGUMA DIFERENÇA ENTRE ESCOLA PÚBLICA E ESCOLA PRIVADA?



Existe, mas há controvérsias.


Quem não gosta de te um extra no salário ou alguma renda digamos; mais fixa no final do mês? Sejamos francos, amor pelo ofício não paga contas e não sustenta uma vida. E quanto mais avançamos no processo de formação da nossa profissão mais queremos ser valorizados e bem remunerados por isso. Em algum momento iremos nos perguntar se queremos entrar para o ensino privado e “vender” nossas aulas para essa nova modalidade de ensino.

Se você leu os posts anteriores e conseguiu raciocinar junto comigo, o ensino vem sofrendo mudanças e transformações na sua maneira de oferecer um serviço diferenciado. 

É nessa ótica que se percebe a diferença de “vender” seu tempo e ceder seu tempo, não que no ensino público não dispomos dessa prática, mas o privado isso é mascarado ou massacrado como você preferir entender.

Poderia descrever categoricamente esse post falando das vantagens físicas, pedagógicas e estruturais que existem entre a escola pública e a escola privada, mas existem artigos demais sobre o tema na internet e nem sempre escola privada possui estrutura melhor que escola pública. Poderia falar das condições de trabalho da pública que de fato é diferente do privado, mas isso a internet está abarrotada de artigos, reportagens e relatos de experiências assim como o meu. Já trabalhei em escola privada que nem mesa para professor tinha! Em quanto trabalhei em escolas privadas que tinha um telefone dentro da sala de aula. Hoje em dia não existe mais limite para atuação de ambas, o que pesa é o quanto a escola pública ou a privada valoriza o trabalho do professor. Porque quando envolve prestação de serviço, quem paga mais sempre tem razão e isso da escola privada é extremamente exacerbado; algo que faz com que o professor seja um instrumento disponível 24h. Mas, prefiro me atentar ao viés político e ideológico que ambas possuem no seu funcionamento.

Acho cômico e muito sínico esses sites de escolas particulares que estampam suas “missões” ou seus “projetos pedagógicos” nas páginas de seus sites. Se olharmos melhor os textos envolvidos nesse enredo veremos que nenhum deles fala nada com nada ou até nada do mesmo em um discurso puramente ‘para inglês ver’. Algumas ainda conseguem ser mais audaciosas e expõe seu método de trabalho, seja ideológico cultural, histórico-crítico ou a modinha do momento: Sociointeracionista. O cuidado que temos que ter é se estas escolas praticam esse ideal com seu professorado. Se elas permitem que o docente seja livre no seu método de ensino, pois muitas escolas vendem uma liberdade docente dentro de um quadrado.

Outra diferença gritante é quando percebemos que o ensino público é autônomo na sua forma de proceder nas relações entre seus indivíduos integrantes do sistema. São todos ali realizando de forma ímpar suas funções e todos ali são sujeitos de identidades exclusivas. Cada professor trabalha em prol de alcançar seus objetivos propostos trabalhando em grupo ou realizando seus méritos sem a necessidade de muito estrelismo. Os alunos são alunos comuns sem pedestais, sem marcas ou rótulos carregados por suas histórias ou sobrenomes rebuscados da sociedade. Os alunos tem problemas, tem histórias, tem marcas, tem um olhar marcado pela sociedade, porém por estar ali já se tornam vencedores. Os professores são pressionados a alcançarem suas metas sociais com seu papel de educadores, psicólogos ouvintes, médicos e até orientadores sociais. A realidade da escola pública é quem muitas das vezes a comunidade escolar está ali para de fato alcançar várias metas, mas ensinar é uma das últimas. Devemos, entretanto, reconhecer que quando as escolas públicas melhoram a qualidade do aprendizado, isso se dá pela intervenção direta do estudante e na escola privada nem tanto.

Já trabalhei em uma escola pública onde tiveram a brilhante ideia de separar uma turma só com alunos bons e outra só com alunos extremamente fracos, daí dá pra ter a noção do inferno que era tentar ‘dar aulas’ na turma fraca. Sabemos que essa prática é proibida de ocorrer nas escolas, mas em muitas escolas públicas ainda mantém essa prática nojenta e que apenas professores efetivos escolhem suas turmas e os contratados com o resto. Na escola privada isso é longe de ocorrer, mas também acontece.

Em contra partida a escola privada a sua função de ser é baseada num doutrina da diferença do mercado onde o professor é o agente do serviço prestado, que além de lidar com questões sociais, acredite alunos de escolas privadas tem mais problemas que alunos de escolas públicas, e ainda precisam cumprir o livro didático. A escola particular é muito interessante, preciso me convir disso, apesar da liberdade de atuação ser muito bem mascarada o corpo docente é um dos melhores, pois a maioria está no mesmo barco e a dor une os iguais. Engana-se quem acredita que a escola privada permeia entre a rigidez e valorização do profissional, porque quando afeta o capital é cada um por si só.

Enquanto na escola pública estamos suscetíveis de lidar com situações, na verdade são mais como aberrações, como o caso que ocorreu como professor de Letras de Rio das Ostras no Rio de Janeiro, na escola privada existe também essa possibilidade, mas lá seus direitos para preservar o bom nome da instituição são mais levados a sério. Tenho diversos colegas que vivem da escola privada e jamais colocaram os pés em uma escola pública e assim vivem muito bem, mesmo sabendo que precisam se anular em diversas instancias da sua ética em nome do salário, coisa que outros que vivem de contrato nas escolas públicas não querem se render as tendências desse mercado privado, pois acreditam que são felizes fazendo o trabalho sem se preocupar com a “meta batida no final do ano”.

Não que a escola particular seja um reino de sofrimento ou salão de tortura, mas se você leu textos anteriores e percebeu que nos dias de hoje a escola fornece ‘serviços educacionais essenciais’ vai entender que o mercado capetalista capitalista dita ás regras; e a regra mor em uma escola privada ou particular seja qual você preferir, é o cliente e ele, infelizmente, tem muita razão nessa crise financeira que o país enfrenta. Sempre fui a favor de ter dois empregos, apesar de que isso esgota e acaba com alguns anos de vida e custa colágeno na nossa pele, trabalhar em escola pública e particular funciona mesmo com uma válvula de escape. Se existe alguma diferença entre a escola pública e a escola privada é a política! Escola pública é terra do povo. É local de liberdade de pensamento, é lugar de soltar o verbo – com coerência, claro – de falar sem medo de receber um chamado de coordenação pedagógica no meio da aula porque algum pobre de espírito se sentiu “ofendido” com as verdades que a gente fala. Se bem que algumas escola públicas é um campo minado ou até mesmo um covil de serpentes prestes a te picar no menor descuido.

Hoje em dia trabalhar em escola privada não é mais privilégio. Seria como se amarrar por uma remuneração igual a da escola pública. Não em um patamar de comparação grotesca, mas na escola pública você tem uma forma de gerenciar sua vida social e saúde mental; a escola privada não tem.

Meu caro leitor, não existe uma escola boa ou escola ruim no sentido pedagógico de ser. Escola boa é aquela que te estende à mão e não te julga diante de um problema. Infelizmente a crise econômica quando chega obriga as instituições a tomarem rumos que vão fazer muitos de nós repensarmos nossa vida profissional. Como dito em um post anterior, cabe a gente pensar se vale a pena ou não sacrificar nosso ideal ético-profissional em nome do mercado. Dizia um sábio que a necessidade faz o homem, mas mesmo assim é na necessidade que descobrimos nossas potências e nossa capacidade de nos dar valor como profissionais, porque se você não fizer, virá outro e fará melhor. Sempre fui contra o conformismo ou o ‘cômodo’, pois é na comodidade que descobrimos que paramos no tempo, portanto seja na escola pública ou na privada dê o seu melhor até quando você obtiver o retorno na mesma proporção; porque em qualquer uma delas quando for chegada a hora de ‘ser convidado a desliga-se’ (nome bonito que o capitalismo deu para ‘rua’) nenhuma delas vai querer saber se você inventou a roda ao contrário, é adeus e um muito obrigado.

Em resumo, a escola pública está um descaso e escola privada é uma privada!

Abraços, até o próximo post! 

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